Neste mês em homenagem às Mulheres, celebramos a força, o cuidado e o compromisso delas na preservação dos nossos mangais.

No Dia da mulher moçambicana, celebramos aquelas que transformam o país com suas acções.

Qualquer pessoa que tenha possibilidade de passear pela zona de mangais em Matola poderá constatar como um grupo de voluntários dessa região se dedica à preservação do mangal, entre eles, destacam se mulheres defensoras desse ecossistema essencial para a biodiversidade e o equilíbrio ambiental.

Essas mulheres desempenham um papel fundamental na fiscalização, limpeza e reflorestamento dos mangais, enfrentando desafios diários para garantir a sobrevivência desse habitat vital para a vida marinha e para o sustento de muitos pescadores locais. Nesse grupo de voluntários, a maioria é composta por mulheres, e a diferença de gênero não define os papéis. Como afirma Luísa Chaúque: “Somos mães, mas não olhamos para trás; queremos proteger o nosso mar de pessoas que o destroem.”

Luísa Chaúque, de 59 anos, trabalha no projeto Mangaction, implementado pela ICEI e financiado pela AICS (Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento), desde setembro de 2024. Ela relata que, no início, enfrentaram estigma dentro da comunidade, mas nunca desistiram, pois acreditam na importância do trabalho que realizam.

Hoje, percebem mudanças positivas, como o aumento no tamanho dos peixes, reflexo direto da conservação do mangal. Apesar dos desafios, ela destaca que o trabalho é movido pelo amor e pela determinação.

“Há quem murmure e diga que este é um trabalho de homem, mas eu me desafio a entrar no matope, pois alguém precisa tomar a iniciativa para que outros sigam.”

Os mangais são essenciais para a proteção costeira, prevenindo a erosão e servindo como berçário de espécies marinhas de alto valor comercial. Além disso, desempenham um papel crucial no sequestro de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Ela relata que muitos ainda não entendem o impacto de suas ações sobre o mangal

“Cada dia entramos no campo para ver e observar as pessoas que entram para fazer coisas que não interessam. Esse trabalho é importante porque estamos a proteger os animais marinhos, que sem os mangais não crescem como deve ser. Muitas pessoas não percebem que mesmo com a sujidade que colocam isso prejudica os peixes e também a saúde dos que consomem. Há outros que murmuram e dizem que este é trabalho de homem, mas eu me desafio a entrar aqui no matope. Porque há sempre quem deve tomar a iniciativa e as outras depois irão seguir”.

Amélia Fernando, de 43 anos, acrescenta que, antes do projeto, muitas delas desconheciam o verdadeiro valor do mangal. Hoje, tornaram-se suas guardiãs e sensibilizam outras mulheres a nível das suas comunidades e os pescadores como forma de transmitir o conhecimento.

 “Quando chegamos na comunidade primeiros mostramos o amor para dar aquela informação. Como mulheres não podemos ficar atrás porque estaremos a atrasar.’’

Bambisa Macuácua, de 61 anos, é um dos poucos homens no comitê de proteção do mangal. Ele ressalta a dedicação das mulheres, que representam a maioria da equipe mostrando que são tão fortes enfrentam matope, fazem mudas, e transplantam incansavelmente em pé de igualdade com os homens:

“Aqui, o trabalho avança como se todos fôssemos homens.”

Essas histórias demonstram como as mulheres estão ocupando espaços antes considerados exclusivamente masculinos.

Ao cuidarem dos mangais, não apenas preservam a biodiversidade marinha, mas também garantem o sustento de suas comunidades.

No Dia da Mulher Moçambicana, celebramos essas mulheres corajosas, cuja dedicação transforma o meio ambiente e inspira futuras gerações.